INTRODUÇÃO: A abordagem cirúrgica da glândula adrenal pela técnica laparoscópica foi inicialmente relatada em 1992. Desde então, diversas publicações sobre este tema têm se originado na Europa, no Japão e na América do Norte. Apresentamos nossa experiência acumulada nos últimos 10 anos com a adrenalectomia laparoscópica. PACIENTES E MÉTODOS: A adrenalectomia laparoscópica foi realizada em 113 diferentes pacientes, sendo 77 do sexo feminino e 36 do sexo masculino, entre janeiro de 1994 e janeiro de 2004. A idade dos pacientes variou de 1 a 76 anos (43,1 ± 16,3 anos). Dez (8,8%) pacientes tinham 20 anos de idade ou menos, 19 (16,8%) tinham tumor adrenal maior do que 4cm de maior eixo, 25 (22,1%) tinham Índice de Massa Corpórea (IMC) > 30kg/m² e 13 (11,5%) já haviam sofrido alguma intervenção cirúrgica no abdome superior. A lesão adrenal variou de 1 a 9cm (3,3 ± 1,6cm). No total, 116 intervenções cirúrgicas foram realizadas, das quais 109 foram unilaterais e 7 foram bilaterais no mesmo ato operatório, totalizando 123 adrenalectomias. Dentre as 116 intervenções, a via transperitoneal lateral foi utilizada em 113, enquanto que a via retroperitoneal lateral foi empregada em 3 adrenalectomias. RESULTADOS: Os procedimentos unilaterais demoraram 107 ± 33,7 min (45-250 min). Os bilaterais, realizados no mesmo ato operatório, demoraram 180 ± 90,6 min (100-345 min). Cinco (4,3%) dos 116 procedimentos foram convertidos para cirurgia aberta. Vinte (17,7%) pacientes apresentaram complicações, sendo 8 (7,0%) intra-operatórias e 12 (10,6%) pós-operatórias. Do total de complicações desenvolvidas nos pacientes, 6 (5,3%) foram consideradas maiores. Nenhum óbito ocorreu decorrente da intervenção cirúrgica. Apenas 4 (3,5%) pacientes foram hemotransfundidos. O tempo de permanência hospitalar pós-operatório foi de 5,7 ± 15,0 dias (1-140 dias). O período de seguimento mínimo de todos os pacientes relatados foi de 6 meses, em média 23 ± 12,8 meses (6-120 meses). CONCLUSÕES: A adrenalectomia laparoscópica é factível e tem excelentes resultados em pacientes selecionados.
INTRODUCTION: The laparoscopic approach to the adrenal gland was first reported in 1992. Since then, many publications about this issue have come from Europe, Japan and North America. We reviewed our 10-year experience with laparoscopic adrenal surgery. PATIENTS AND METHODS: Laparoscopic adrenalectomy was carried out in 113 patients, 77 females and 36 males, between January 1994 and January 2004. The age ranged from 1 to 76 years (43.1 ± 16.2 years). Ten (8.8%) patients were 20 years old or younger, 19 (16.8%) patients had unilateral tumor larger than 4cm, 25 (22.1%) patients had Body Mass Index > 30kg/m², and 13 (11.5%) had had previous open upper abdominal surgery. The size of the lesion ranged from 1 to 9cm (3.3 ± 1.6cm). One hundred and sixteen operations were performed, of which 109 were unilateral and 7 were bilateral, adding up to a total of 123 adrenalectomies. Among the 116 procedures, the lateral transperitoneal approach was employed in 113 cases, whereas lateral retroperitoneal approach enabled 3 adrenalectomies. RESULTS: Unilateral procedures lasted 107 ± 33.7 min (45-250 min); bilateral procedures lasted 180 ± 90.6 min (100-345 min); 5 (4.3%) cases were converted to open surgery. Twenty (17.7%) patients suffered complications, being 8 (7.0%) intraoperative and 12 (10.6%) postoperative complications. Six (5.3%) cases were considered major complications. No deaths occurred due to the surgical procedures. Blood transfusion rate was 3.5%. Hospital stay was 5.7 ± 15.0 days (1-140 days). Follow-up period was 23 ± 12.8 months (1-60 months) and all these patients were followed for a minimum of 6 months. CONCLUSIONS: Laparoscopic adrenalectomy is feasible and has excellent results in selected patients.